Quinta-feira, 23.09.10

Há dias assim...

... dias que nunca mais terminam e que cada segundo é uma surpresa,

e nos damos conta que ficamos sem chão,

que caímos e descobrimos que não sabemos mais caminhar,

mas sabemos que temos que nos levantar e caminhar,

seguir em frente.

 

É nesses dias que tenho saudades de ser criança,

de ter alguém que me vá desejar boa noite,

me aconchegue o cobertor e me passe a mão pela cabeça,

e me diga:

"-Eu amo-te. Dorme bem!"

E sentir que o mundo pode cair que nada nem ninguém me vai fazer mal.

 

Boa noite!

 

 

publicado por Sonhos Trocados às 00:50 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 02.09.10

Era uma vez o Medo

 

Era uma vez uma menina que nasceu num reino muito longínquo.

Era uma bebé serena e audaz não tinha medo de estar sozinha e nunca chorava. Quando brincava no jardim subia às árvores e mexia em tudo o que era bichinhos.


Ao crescer começou a sentir medos...

Medo de ser gozada na escola, medo dos bichinhos que ela tanto apreciava, medo de se magoar quando subia às árvores, medo de cair, medo de dar erros a português e não saber fazer as contas ou a tabuada.

 

 

 

E a adolescência chega...

E a menina sente medo de não ser a melhor na escola e no seu grupo.

Sente medo que os rapazes trocem dela.

Sente medo que as amigas tenham inveja dela e por isso a ponham de parte.

Sente medo de se apaixonar.

Sente medo de se relacionar com as pessoas, porque todas as pessoas de quem gostava ficam sempre longe.

 

 

Chega a juventude...

Com ela vem o medo de sair de casa e encontrar um mundo novo....

E aí a menina fechou-se e não se relacionou com as pessoas, porque sentia medo de criar laços e ter que partir e ter medo de sentir a sua falta.

Apaixonou-se e negou a ela mesma, porque tinha medo de sofrer.

Foi amada e não deixou porque teve medo de desiludir.

Amou e fugiu porque teve medo de perder.

Fugia  das crianças, porque tinha medo de nunca ser mãe.

 

 

 

 

 

 

 

Não tocou o seu peito, porque tinha medo de encontrar algo errado.


 

Um caroço de medo despontou no seu peito...

E então a menina que agora era mulher deixou de sentir MEDO de:

Ser Mulher

Amar e ser Amada

Estar Apaixonada

Sorrir

Viver

Correr

Brincar

SER FELIZ!

 

 

 

Mas não teve muito tempo…

E quando por fim a viagem terminou e ela se encontrava em algum lugar a reflectir no que tinha feito da sua vida verificou que por ter MEDO nunca foi feliz.

 

O desejo da menina era voltar a nascer para não sentir medo de viver.

 

publicado por Sonhos Trocados às 00:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 27.08.10

O bouquet

 

bouquet

A propósito de um post do blog da Margarida Rebelo Pinto com o título “Rosas no ar, corações em terra” (http://sol.sapo.pt/blogs/margaridarebelopinto/archive/2010/05/28/Rosas-no-ar_2C00_-cora_E700E300_o-em-terra.aspx) tive vontade de escrever sobre o mesmo tema, espero que ela me desculpe pela ousadia.

 

 

Os trinta anos aproximam-se e com eles as pressões sociais e familiares para ter uma vida dita normal e comum. Que quer isto dizer?

Pois é, isto quer dizer que depois de determinada idade, tendo terminado os estudos e tendo um trabalho, chegou o momento de casar e constituir família.

 

Na minha adolescência planeava uma vida bem sucedida no trabalho, uma vida onde ingredientes como Homem e Filhos, não estariam incluídos, apenas uma carreira de sucesso, uma vida desafogada e muitas viagens.

Com o passar do tempo, comecei a acreditar que valia a pena AMAR e passei a pensar que se calhar não seria tão má ideia partilhar a minha vida. O relógio biológico começou a bater-me à porta, mas essa conversa de filhos ficará para outras núpcias… (assunto delicado que ainda hoje me custa falar).

 

Bem, voltando ao que me fez escrever este post: O belo do ramo da noiva que rodopia no ar até cair nas mãos de uma solteira ou pelo menos desimpedida, que segundo reza a tradição será a próxima contemplada a ter uma festa de casamento (o que não lhe dizem é p preço que tem a pagar pela mesma: além de levar um homem para casa, que deveria ser para o resto da vida – sem dúvida muito tempo -  terá que ter sempre a casa impecável, roupa lavada e passada, comida na mesa a tempo e horas, e dizer sempre io io tipo mulinha. OK! Estava a brincar, eu acredito em relacionamentos felizes e em casamentos que duram uma vida!)

 

Tal como a Margarida, também eu fui ao belo do casamento, teria sido um casamento normalíssimo não fosse o casamento do meu priminho, e não fosse este casamento sinónimo de que sou a ultima solteira da família. Faço parte de uma família de homens (que eu adoro) além de ser a única mulher da minha geração (sim porque agora há mais duas pinpolhas lindas) sou também a mais nova, ou seja a menina mais mimada e protegida do mundo e arredores.

Muito feliz e contente lá fui eu para o dito casamento. Mas já sabia o massacre que me ia esperar:

- Então vieste sozinha? Não trouxeste namorado?

- Está a ficar tarde… de que estás à espera? Sabes que tens problemas para ter filhos… Quanto mais tarde pior…

- Não escolhas muito.

- Se calhar estás à espera da pessoa errada…

 

BLA BLA BLA

 

No meio disto tudo limitava-me a olhar para a minha mãe, para encontrar nos seus olhos o apoio que esperava e a paciência para não me saltar a tampa e gritar:

 

- PORRA METAM-SE NA VOSSA VIDA!

 

 

Não basta a pressão que eu sinto e coloco em cima de mim mesma?

É fantástico ser gira, nova (pelo menos por enquanto), inteligente, fazer o que gosto, ter uma casa só para mim, limpar e passar a ferro quando me dá na telha, acordar e dormir quando me apetece, sair para onde me dá vontade, simplesmente viver sem ter que dar cavaco a ninguém. No entanto e apesar de ser fantástico, é muito triste depois de um dia de trabalho (e ficar a fazer horas até esquecer para não ter que vir para casa) colocar a chave na porta, ter a casa escura, sem ninguém à nossa espera, nem que seja para reclamar, tomar um duche rápido e voltar a sair para comer alguma coisa na rua, porque não tenho vontade de comer sozinha… e chegar à rua de cara alegre e sempre bem disposta para ouvir elogios do género:

- Estás cada vez mais gira! (responder com um sorriso e pensar de que me serve?)

Para voltar a vir para casa (tarde de preferência) deitar naquela cama enorme, gelada e vazia, para acordar e nem pés na cozinha por, sair para o emprego, e voltar à mesma rotina.

É muito giro chegar ao fim-de-semana e vingar-me a dormir ou sair sem destino, porque pelo menos assim não sinto a falta de ter uma casa cheia de família, com direito a homem e crianças…

Não basta já tudo isto e ainda tenho que levar com os outros a fazerem-me perguntas do tipo:

- Quando é que fazes a tua vida?

 

Por acaso há alguma regra que diga que ter uma vida implica ter um companheiro(a) e filhos?

Após um dia de massacre, eis que chega a hora de a noiva reunir o mulherio dito livre, onde apenas entram solteiras, separadas, divorciadas ou viúvas e se vira de costas para as mesmas e brinca fingindo que vai atirar o ramo, e este ou se estatela no chão esfrangalhando-se ou é disputado por um bando de histéricas!

 

Como diz a minha mãe nada em mi é normal, e até no casamento dos outros eu tinha que ter algo diferente. Quando deveria chegar a dita hora do ramo da noiva voar pelo céu até cair nas mãos de alguém eis que os noivos me chamam e me oferecem o ramo. E eu a pensar, que aquilo não me estava a acontecer. Além de estar tudo a olhar para mim, eu já me sentir só o suficiente, não precisava que me lembrassem que estava sozinha.

 

Abraçaram-me e ofereceram-me o ramo, eu perguntei porquê e eles apenas responderam que eu era a Menina deles e que agora só faltava eu.

Fiquei feliz com o gesto, porque sei que sou realmente a Menina, sei que têm um carinho enorme por mim, e apenas me querem ver feliz, mas eu não preciso que me lembrem que estou sozinha.

 

bouquet

 

 

Escusado será dizer que essa noite foi dura, muito dura depois de ter chegado ao meu quarto e ter ficado comigo mesma.

 

 

O ramo branco a minha mãe levou para casa secou e guardou…

 

Eu guardo comigo a esperança de um dia encontrar alguém que me faça acreditar que vale a pena vestir-me de branco, entrar na igreja e fazer um juramento para toda a vida e que me faça sonhar com um passeio à beira mar daqui a muitos anos bem velhinhos de mão dada.

 

Porque apesar de tudo acredito em famílias felizes e casamentos duradouros… Uma vida pode ser pouco tempo um dia pode ser uma eternidade.

 

PS- Já passou quase um ano depois deste casamento, este casal lindo já tem um rebento um Gajo. Parabéns!

 

 

 

publicado por Sonhos Trocados às 02:21 | link do post | comentar

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