Quinta-feira, 02.09.10

Era uma vez o Medo

 

Era uma vez uma menina que nasceu num reino muito longínquo.

Era uma bebé serena e audaz não tinha medo de estar sozinha e nunca chorava. Quando brincava no jardim subia às árvores e mexia em tudo o que era bichinhos.


Ao crescer começou a sentir medos...

Medo de ser gozada na escola, medo dos bichinhos que ela tanto apreciava, medo de se magoar quando subia às árvores, medo de cair, medo de dar erros a português e não saber fazer as contas ou a tabuada.

 

 

 

E a adolescência chega...

E a menina sente medo de não ser a melhor na escola e no seu grupo.

Sente medo que os rapazes trocem dela.

Sente medo que as amigas tenham inveja dela e por isso a ponham de parte.

Sente medo de se apaixonar.

Sente medo de se relacionar com as pessoas, porque todas as pessoas de quem gostava ficam sempre longe.

 

 

Chega a juventude...

Com ela vem o medo de sair de casa e encontrar um mundo novo....

E aí a menina fechou-se e não se relacionou com as pessoas, porque sentia medo de criar laços e ter que partir e ter medo de sentir a sua falta.

Apaixonou-se e negou a ela mesma, porque tinha medo de sofrer.

Foi amada e não deixou porque teve medo de desiludir.

Amou e fugiu porque teve medo de perder.

Fugia  das crianças, porque tinha medo de nunca ser mãe.

 

 

 

 

 

 

 

Não tocou o seu peito, porque tinha medo de encontrar algo errado.


 

Um caroço de medo despontou no seu peito...

E então a menina que agora era mulher deixou de sentir MEDO de:

Ser Mulher

Amar e ser Amada

Estar Apaixonada

Sorrir

Viver

Correr

Brincar

SER FELIZ!

 

 

 

Mas não teve muito tempo…

E quando por fim a viagem terminou e ela se encontrava em algum lugar a reflectir no que tinha feito da sua vida verificou que por ter MEDO nunca foi feliz.

 

O desejo da menina era voltar a nascer para não sentir medo de viver.

 

publicado por Sonhos Trocados às 00:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 27.08.10

O bouquet

 

bouquet

A propósito de um post do blog da Margarida Rebelo Pinto com o título “Rosas no ar, corações em terra” (http://sol.sapo.pt/blogs/margaridarebelopinto/archive/2010/05/28/Rosas-no-ar_2C00_-cora_E700E300_o-em-terra.aspx) tive vontade de escrever sobre o mesmo tema, espero que ela me desculpe pela ousadia.

 

 

Os trinta anos aproximam-se e com eles as pressões sociais e familiares para ter uma vida dita normal e comum. Que quer isto dizer?

Pois é, isto quer dizer que depois de determinada idade, tendo terminado os estudos e tendo um trabalho, chegou o momento de casar e constituir família.

 

Na minha adolescência planeava uma vida bem sucedida no trabalho, uma vida onde ingredientes como Homem e Filhos, não estariam incluídos, apenas uma carreira de sucesso, uma vida desafogada e muitas viagens.

Com o passar do tempo, comecei a acreditar que valia a pena AMAR e passei a pensar que se calhar não seria tão má ideia partilhar a minha vida. O relógio biológico começou a bater-me à porta, mas essa conversa de filhos ficará para outras núpcias… (assunto delicado que ainda hoje me custa falar).

 

Bem, voltando ao que me fez escrever este post: O belo do ramo da noiva que rodopia no ar até cair nas mãos de uma solteira ou pelo menos desimpedida, que segundo reza a tradição será a próxima contemplada a ter uma festa de casamento (o que não lhe dizem é p preço que tem a pagar pela mesma: além de levar um homem para casa, que deveria ser para o resto da vida – sem dúvida muito tempo -  terá que ter sempre a casa impecável, roupa lavada e passada, comida na mesa a tempo e horas, e dizer sempre io io tipo mulinha. OK! Estava a brincar, eu acredito em relacionamentos felizes e em casamentos que duram uma vida!)

 

Tal como a Margarida, também eu fui ao belo do casamento, teria sido um casamento normalíssimo não fosse o casamento do meu priminho, e não fosse este casamento sinónimo de que sou a ultima solteira da família. Faço parte de uma família de homens (que eu adoro) além de ser a única mulher da minha geração (sim porque agora há mais duas pinpolhas lindas) sou também a mais nova, ou seja a menina mais mimada e protegida do mundo e arredores.

Muito feliz e contente lá fui eu para o dito casamento. Mas já sabia o massacre que me ia esperar:

- Então vieste sozinha? Não trouxeste namorado?

- Está a ficar tarde… de que estás à espera? Sabes que tens problemas para ter filhos… Quanto mais tarde pior…

- Não escolhas muito.

- Se calhar estás à espera da pessoa errada…

 

BLA BLA BLA

 

No meio disto tudo limitava-me a olhar para a minha mãe, para encontrar nos seus olhos o apoio que esperava e a paciência para não me saltar a tampa e gritar:

 

- PORRA METAM-SE NA VOSSA VIDA!

 

 

Não basta a pressão que eu sinto e coloco em cima de mim mesma?

É fantástico ser gira, nova (pelo menos por enquanto), inteligente, fazer o que gosto, ter uma casa só para mim, limpar e passar a ferro quando me dá na telha, acordar e dormir quando me apetece, sair para onde me dá vontade, simplesmente viver sem ter que dar cavaco a ninguém. No entanto e apesar de ser fantástico, é muito triste depois de um dia de trabalho (e ficar a fazer horas até esquecer para não ter que vir para casa) colocar a chave na porta, ter a casa escura, sem ninguém à nossa espera, nem que seja para reclamar, tomar um duche rápido e voltar a sair para comer alguma coisa na rua, porque não tenho vontade de comer sozinha… e chegar à rua de cara alegre e sempre bem disposta para ouvir elogios do género:

- Estás cada vez mais gira! (responder com um sorriso e pensar de que me serve?)

Para voltar a vir para casa (tarde de preferência) deitar naquela cama enorme, gelada e vazia, para acordar e nem pés na cozinha por, sair para o emprego, e voltar à mesma rotina.

É muito giro chegar ao fim-de-semana e vingar-me a dormir ou sair sem destino, porque pelo menos assim não sinto a falta de ter uma casa cheia de família, com direito a homem e crianças…

Não basta já tudo isto e ainda tenho que levar com os outros a fazerem-me perguntas do tipo:

- Quando é que fazes a tua vida?

 

Por acaso há alguma regra que diga que ter uma vida implica ter um companheiro(a) e filhos?

Após um dia de massacre, eis que chega a hora de a noiva reunir o mulherio dito livre, onde apenas entram solteiras, separadas, divorciadas ou viúvas e se vira de costas para as mesmas e brinca fingindo que vai atirar o ramo, e este ou se estatela no chão esfrangalhando-se ou é disputado por um bando de histéricas!

 

Como diz a minha mãe nada em mi é normal, e até no casamento dos outros eu tinha que ter algo diferente. Quando deveria chegar a dita hora do ramo da noiva voar pelo céu até cair nas mãos de alguém eis que os noivos me chamam e me oferecem o ramo. E eu a pensar, que aquilo não me estava a acontecer. Além de estar tudo a olhar para mim, eu já me sentir só o suficiente, não precisava que me lembrassem que estava sozinha.

 

Abraçaram-me e ofereceram-me o ramo, eu perguntei porquê e eles apenas responderam que eu era a Menina deles e que agora só faltava eu.

Fiquei feliz com o gesto, porque sei que sou realmente a Menina, sei que têm um carinho enorme por mim, e apenas me querem ver feliz, mas eu não preciso que me lembrem que estou sozinha.

 

bouquet

 

 

Escusado será dizer que essa noite foi dura, muito dura depois de ter chegado ao meu quarto e ter ficado comigo mesma.

 

 

O ramo branco a minha mãe levou para casa secou e guardou…

 

Eu guardo comigo a esperança de um dia encontrar alguém que me faça acreditar que vale a pena vestir-me de branco, entrar na igreja e fazer um juramento para toda a vida e que me faça sonhar com um passeio à beira mar daqui a muitos anos bem velhinhos de mão dada.

 

Porque apesar de tudo acredito em famílias felizes e casamentos duradouros… Uma vida pode ser pouco tempo um dia pode ser uma eternidade.

 

PS- Já passou quase um ano depois deste casamento, este casal lindo já tem um rebento um Gajo. Parabéns!

 

 

 

publicado por Sonhos Trocados às 02:21 | link do post | comentar
Quarta-feira, 26.05.10

Mudança

 

 

 

Passados uns dias em que andei como o tempo (revoltada) com uma telha do tamanho de um telhado com direito a águas-furtadas e após me ter recomposto (apenas recomposto, porque quando explodir, nem eu mesma quero estar por perto, pois o resultado será pior que essas nuvens de cinza que andam a dar cabo da cabeça ao pessoal) resolvi escrever sobre a MUDANÇA.

 

 

 

 

Este tema veio a propósito da minha necessidade iminente de mudança: mudar de casa, mudar de cidade, mudar de trabalho, mudar alguns hábitos, mudar o meu guarda-fatos, … (um dia destes dedico um post à lista de mudanças que tenho para fazer, para ver se me oriento). Mas continuando com as mudanças, estava eu este fim-de-semana (com esta telha enorme) no café e peguei na revista Notícias Magazine e folheei à procura do Fora de Série desta semana (não sei porquê, mas adoro esta parte da revista, talvez porque fale sempre de pessoas que em algum momento resolveram mudar de vida, podem até ser chamados de loucos, mas vivem muito felizes e o que os outros acham ou deixam de achar pouco lhes importa)!

 

 

Esta semana o Fora de Série escolhido foi O Zé dos Gatos de Setúbal (http://dn.sapo.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=1575456) .

Mesmo sem ler a história do senhor fiquei bastante curiosa, devido ao nome ZÉ dos GATOS. Calculei que deveria de ser um senhor que vivia rodeado de bichanos, não perdi mais tempo e comecei a ler. Logo no primeiro parágrafo deparo-me com esta afirmação: “Chamam-me Zé dos Gatos porque eu gosto muito dos bichos, já tive muitos, muitos a morar comigo. Também me chamavam Zé Maluco e eu não me ralava com isso. Mas, cá para mim, eu sou é o Zé Esperto.” – Simplesmente adorei esta frase, fez-me lembrar de todos aqueles que a sociedade apelida de Malucos, mas que no fundo são felizes, porque vivem no seu mundo e que de uma forma ou de outra invejo, porque a eles nada os preocupa. E o Zé sabe disso, pois acaba por dizer que lá para ele é o Zé Esperto!

O Zé dos Gatos teve mil e uma profissões, não conseguia estar muito tempo no mesmo local e a conviver com as mesmas pessoas “Nunca fiquei muito tempo em nenhum ofício, perdia a paciência. Sempre gostei de conviver, de estar com as pessoas e, se ficava agarrado a um emprego, via sempre as mesmas caras, o que me dava para marear.” Ao ler esta frase lembrei-me de mim, do quanto estou fartinha do meu trabalho, da minha necessidade de fazer coisas diferentes mesmo que não seja na minha área, de experimentar coisas novas, de ver sítios novos e essencialmente de conhecer novas caras. Com 40 anos o Zé decidiu mudar de vida, e andar por ai, e diz que os gatos são a paixão da sua vida, pois são como ele independentes.

Sim de facto os gatos são uns seres fantásticos e encantadores, super independentes, donos do seu espaço, peritos em ignorar quando lhe convém, mas adoram marcar o seu território quando assim o entendem, quando querem procuram um mimo desfrutando ao máximo do mesmo, são vaidosos e muito elegantes. Após esta descrição dei-me conta mais uma vez das semelhanças que existem entre os felinos e as mulheres, pelo menos eu sou muito assim (mas adiante que, não é das semelhanças dos gatos e das mulheres que estou a querer falar).

A frase que prendeu a minha atenção e tem vindo a martelar-me a cabeça desde domingo foi: “Mas o meu amor ? já lhe disse? eram os gatos, que são menos complicados. As mulheres querem que a gente mude e então nós mudamos. E depois fartam-se de nós porque estamos mudados.”


Esta afirmação “matou-me”… não somos apenas nós mulheres que queremos que os homens mudem. Aliás eu tenho um lema de vida, que pretendo ser fiel por muito que me custe, tento sempre aceitar as pessoas como elas são, todos nós somos diferentes, temos formas de ser e estar diferentes, gostos diferentes, mas que desde bem pequeninos nos tentam impingir o que acham de certo e errado?

E o que é realmente certo e errado? É como a questão do tempo, é sempre muito relativo, porque até “um relógio parado está certo duas vezes ao dia”.

A MUDANÇA… quando falamos em mudança na nossa cabeça surge logo outra ideia associada (pelo menos para mim) MELHORAR, mas de facto nem sempre é assim. A certeza que tenho é que as mudanças devem partir de cada um de nós, pois já bem basta aquelas que temos que gramar sabe-se lá porquê.

 

Tentamos mudar os outros logo desde bem pequenos, por exemplo um bebé está acostumado a beber o leite materno e quando este termina espetamos-lhe com uma borracha na boca de onde sai um liquido que nada tem a ver com o leite da mãe, pois não é doce e a temperatura não tem nada a ver. Mas esta mudança é necessária e não há volta a dar.

Tentamos mudar alguém que se senta ao nosso lado, para desfrutar de um qualquer deleite gastronómico e mal pega na ementa disparamos sugestões, sem sequer serem solicitadas, quando estas não partem logo de quem nos atende, e se a criatura não aceita a sugestão, sai logo a bela da frase: “Não sabes o que perdes? Mas tens a certeza? Olha que se eu fosse a ti até provava…”

Dá vontade de dizer: “PORRA! Pára que já me estas a enervar!

 

Tentamos mudar alguém quando começamos a partilhar a vida a casa com alguém, e queremos pôr tudo como nós queremos. Porque eu estou acostumada a estender a roupa assim e não assado, porque as meias dobram-se desta maneira e não daquela, porque o detergente é este e mais nada, e a fantástica frase que todas as mulheres adoram: “PORQUE A MINHA MÃE FAZ ASSIM!” ou simplesmente “NÃO ESTÁ IGUAL AO QUE A MINHA MÃE FAZ!”

E a isto nós mulheres respondemos: “O MEU EX NUNCA ME FARIA UMA COISA DESTAS!”

E chega o descalabro que muito provavelmente irá dar origem a mais uma mudança.

 

Ainda não cheguei à fasquia dos 30 (ainda tenho mais dois anos), mas confesso que já me submeti a muitas mudanças, algumas por livre iniciativa, outras porque me foram impostas e outras ainda porque não tinha grande alternativa (pois ainda não me posso dar ao luxo de ser louca e fazer o que me dá na gana sem ter que me preocupar com o que é que os outros acham ou não), e que posso concluir com estas mudanças? Que aprendi muito, aprendi na pele o que todas as mudanças me trouxeram de bom e de mau… não me vou lamentar porque estão feitas… Mas posso sempre mudar alguma coisa… Uma coisa eu tenho a certeza o que mudar de futuro será por mim, para mim, porque eu quis e tive vontade. Quero mudar muita coisa, mas sem nunca deixar de ser eu sem perder a minha essência e o que me torna tão característica!

 

publicado por Sonhos Trocados às 03:24 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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